quinta-feira, 7 de junho de 2012

12. Oficialidade censitária

12.1. Censo de 1872
O primeiro censo demográfico realizado no Brasil, ocorrido em 1º de agosto de 1872, concluído na Província de São Paulo aos 30 de janeiro de 1874, indicou para Santa Cruz do Rio Pardo, em levantamento conjunto com São Pedro do Turvo, população de 3.623 habitantes livres - 1948 homens e 1675 mulheres, constando ainda 209 escravos - 109 homens e 100 mulheres (IBGE, Censo 1872: 286-288).
Embora cabeça de paróquia, a população de Santa Cruz era inferior a de São Pedro do Turvo, numa proporção estimada em 41,40 e 58,60% respectivamente, ou seja, a população de Santa Cruz do Rio Pardo e territórios incorporados seriam em torno de 1.500 habitantes livres, com aproximadamente 90 escravos.
Em São Pedro do Turvo residiam o pioneiro-mor e toda sua parentela, agregados e amigos próximos, portanto área mais povoada.
Os dados estão assim apresentados:

A) População livre – 3.623 HABITANTES 
Masculino – 1.948: brancos 964; pardos livres 581; negros livres 357; caboclos livres 46; solteiros 1885; casados 476 casados; viúvos 137; católicos 1.948; brasileiros 1.948; alfabetizados 878; analfabetos 1.075; frequentam escola - de 06 a 15 anos: 67; não frequentam escola 447. 
Feminino – 1.675: brancas 1.019; pardas livres 426; negras livres 216; caboclas livres 32; solteiras 1.108; casadas 470; viúvas 07; católicas 1.675; brasileiras 1.675; alfabetizadas 654; analfabetas 1.021; frequentam escola - de 06 a 15 anos: 51; não frequentam escola: 888.

B) População escrava – 209 PESSOAS 
Masculino – 109: pardos 41; pretos 68; caboclos 0; solteiros 102; casados 7; viúvos 0; católicos 109; brasileiros 109; analfabetos 109; frequência escolar 0. Com defeitos físicos: 1; aleijados 3; alienados 1.
Feminino – 100: pardas 29; pretas 71; caboclas 0, solteiros 97; casadas 8; viúvas 0; católicas 100; brasileiras 100; analfabetas 100, nenhuma frequenta escola; defeitos físicos: cegas 2; aleijadas 0, alienadas 0.

O quadro das profissões, que seria interessante para melhor conhecer a região e o que faziam seus habitantes, parece prejudicado, com a certeza que alguém respondeu os quesitos sem realmente saber das localidades envolvidas.
Dentre os profissionais relacionados, estão notados homens e mulheres de letras, que ministravam aulas particulares, porém a citação de dois magistrados não corresponderia à realidade da época, sem estrutura judiciária.
Os três religiosos, padres, conclusivamente eram Francisco José Serodio – Vigário em São Domingos, João Domingos Figueira - capelão em Santa Cruz do Rio Pardo, e Décio Augusto Chefato – capelão em São Pedro do Turvo. Serodio não deveria ser computado para a localidade, o que evidencia falha censitária, porque não existiam outros iguais na região, naquela época.
Quanto aos dois médicos, surpreendentemente notados para a região, não se tem notícias que possam confirmá-los exatamente na região mensurada, assim como os oficiais de justiça e funcionários públicos contados, sendo que as demais profissões por si justificam as denominações e existências.
O questionário padrão para o Censo de 1872 não foi feito adequadamente para as povoações incipientes do sertão centro oeste paulista.

12.1.1. Da inexatidão do censo 
Manoel Eufrásio de Azevedo Marques, na relação das povoações da Província de São Paulo, por numero de eleitores e fogos [residências] de cada uma, em 1870, indica Santa Cruz do Rio Pardo com 1.500 habitantes, enquanto o Dr. Joaquim Floriano de Godoy traz mapa da população provincial de São Paulo, por comarca - ano de 1874, onde Santa Cruz aparece com 2.140 habitantes (1875: 46).

Das divergências de números entre as duas pesquisas, sem levar em consideração as diferenças de datas, Godoy esclareceu: "O recenseamento official da população da provincia de S. Paulo ja esta publicado; contem, porem, elle taes inexactidões que tornam-se necessarios outros trabalhos para calcular-se, ainda que approximadamente, a verdade. Neste intuito sugeitamos à consideração do leitor dous estudos, sendo um do erudito e consciencioso paulista Azevedo Marques, apurado em 1870, e outro de nossa propria lavra concluído em dezembro de 1874, havendo neste um acréscimo de 9 ½%, mais ou menos. Estes trabalhos tiveram por base a qualificação e fogos. Bem sabemos que semelhantes fontes não tem exactidão mathematica (...). Muitas causas concorreram para a imperfeição da estatistica official, notando-se entre ellas, a falta de cuidado investigador da maxima parte dos agentes recenseadores, a conducta reprehencivel de grande numero de chefes de família das zonas agrícolas que, sob os futeis temores de lei do recrutamento para o exercito, e de outros serviços publicos negaram-se a dar as listas respectivas, conforme as exigencias de tão melindroso trabalho (...)." 
Os respeitáveis trabalhos, divergentes, porém esclarecidos, não se ajustam com os dados do IBGE; nem um nem outro. Deve-se, entretanto, reconhecer que o censo não alcançou resultados no Vale do Paranapanema por causa, ainda, dos temores quanto a lei do recrutamento para o exército, pois certamente não estavam esquecidos os motivos que trouxeram milhares de mineiros para aqueles sertões.
Alguns santa-cruzenses estão relacionados estabelecidos no lugar (Almanach da Provincia de São Paulo, 1873: 448-A):
-Comércio: lojas de fazendas e armazém de molhados, Joaquim José Paes; armazém de molhados e gêneros do país, Valentim José Theodoro.
-Artes, industrias e ofícios: carpinteiro, Fellipe José de Castilho; fabricante de imagens, João Aureliano; ferreiro, Francisco Martins; sapateiro, José Raphael de Andrade; tropeiros, Candido Rodolpho da Cruz e Salomão Rodrigues da Costa.

12.2. Censo de 1880 Por problemas políticos deixou-se de realizar o censo brasileiro de 1880.
Todavia, no ano de 1880 Santa Cruz do Rio Pardo, conjuntamente com São Pedro do Turvo, possuía 236 escravos negros oficialmente matriculados (RG, SO BN 1025, 1880/1881: Mapa SN), e chegaria a 306 no ano de 1887, o que evidencia uma sociedade escravagista, onde mais de 6% da sua população era escrava, nisto quando a população total estava em torno de 4.000 habitantes.

12.3. Censo de 1890
Para o Censo de 1890 acusa-se população de 12.418 habitantes, computados 6.466 homens e 5.952 mulheres, para toda a paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo, compreendendo neste total os 6.889 residentes para São Pedro do Turvo e 5.529 para Santa Cruz – a esta localidade somados os moradores de Óleo, Ilha Grande [Ipaussu] e Salto Grande (IBGE, Censo 1890 para Santa Cruz do Rio Pardo). 
O censo de 1890 informou 5.529 habitantes exclusivamente para Santa Cruz do Rio Pardo, detalhando 5.222 católicos romanos, 48 evangélicos, 126 presbiterianos, 120 para outras seitas, enquanto 13 pessoas se declararam sem cultos. 
Santa Cruz de 1890 contava, oficialmente, com 708 alfabetizados, sendo 525 homens e 183 mulheres, e apontados 4.821 analfabetos: 2.367 homens e 2.454 mulheres.
Outro dado refletia o levantamento de filiações, quando encontrados 5.342 legítimos, 180 ilegítimos, 4 legitimados e 3 expostos – abandonados.
O Relatório de Governo de 1890 informava 536 eleitores na Paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo, sendo 336 inscritos na sede – Santa Cruz do Rio Pardo, e 200 para São Pedro do Turvo (RG, U 1145, 1890/1890: A-189), a despeito da população de São Pedro ainda ser maior que a santa-cruzense.

12.4. Censo de 1900 
O censo de 1900 acusou 4.964 habitantes para Santa Cruz do Rio Pardo, sendo 2.623 homens e 2.341 mulheres. Foi o primeiro censo em separado para Santa Cruz do Rio Pardo, com o desmembramento de São Pedro do Turvo em 1892.
Considerando que o valor populacional oficial em 1890 era de 5.529 residentes, entende-se queda numérica 465 pessoas, ou seja, população em 10,21% menor.
Por problemas técnico-administrativos o censo de 1900 necessitou de reapuração quase integral, em todo o Brasil. Todavia, para Santa Cruz e em observação aos censos anteriores, não houve prejuízos quanto às aplicações de programas e ações fundamentadas em números de habitantes.
Santa Cruz era a região mais rica do Vale Paranapanema – do oeste paulista, mas sua imensa territorialidade estava dividida em poucas grandes fazendas, concentradas nas mãos de ricos proprietários, e ainda praticamente inabitadas ao sul.
-o-
Capítulo atualizado
3. Dados censitários 
http://satoprado-ebook.blogspot.com/2013/07/das-transformacoes-politico-sociais.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário