quinta-feira, 7 de junho de 2012

5. O capitalismo contido na Serra Botucatu

O influente liberal e político itapetiningano, capitão José Gomes Pinheiro, liderava os fazendeiros botucatuenses no alto da serra. Tinha uma visão expansionista e conclamava o governo paulista empreender entradas no sertão adiante, expulsar os índios e tomar-lhes as terras, para a ocupação capitalista. Sequer seduziu as autoridades para a instalação de uma colônia estrangeira no Vale do Pardo.
Esse mesmo capitão, fracassado na Revolução Liberal de 1842 e escondido em sua fazenda Monte Alegre, região botucatuense, teria escrito carta ao mineiro José Theodoro de Souza, oferecendo-lhe terras adiante da serra. Que viesse apossá-las.
Mensagem implícita, os fazendeiros do alto da Serra Botucatu sentiam-se desprotegidos pelo governo e à mercê de possíveis ataques indígenas. Os índios não permitiam o expansionismo capitalista. 
Não existe comprovação de carta do Capitão Gomes Pinheiro convidando Theodoro a vir ao sertão, ou que este tenha aceitado alguma proposta.
Nenhuma tradição aponta a presença regional de Theodoro antes de 1850 /1851, para fins de ocupações de terras, senão sua própria afirmação, aos 31 de maio de 1856, que era residente e senhor de posses no sertão, de maneira mansa e pacífica, desde 1847.
Com esta mentira o pioneiro adequava-se aos termos da Lei nº 601/1850, a Lei das Terras, para garantia de posses.
No ano 1848, com a morte do capitão Pinheiro, assumiu o comando regional o seu genro Tito Corrêa de Mello, também capitão, disposto a contratar bugreiros, ou matadores de índios, para limpar as terras e torná-las úteis e produtivas à civilização. Convocou urgente José Theodoro de Souza em 1849, para que este viesse ao sertão dar combate aos índios, garantindo-lhe tornar-se dono de latifúndio.
O próprio capitão Tito, em 1889, assumiria a convocação de José Teodoro de Souza, a seu chamado, para conquistar e povoar o sertão do Paranapanema (Moreira da Silva, 1965: 99-100).
Talvez, em 1849, Tito nem precisasse convocar Theodoro em Minas Gerais, através de carta, pois, com certeza documental, a 02 de julho daquele ano o mineiro e sua mulher Francisca Leite da Silva, são vistos em Botucatu, partícipes de batizado ocorrido na família Nolasco.
-o-
Capítulo atualizado
—Reconhecimentos historiográficos:

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